ONGs lançam campanha para alertar sobre crise hídrica no Rio de Janeiro

Rio de Janeiro – Voluntários das ONGs Greenpeace e Meu Rio lançam, na Lagoa Rodrigo de Freitas, a campanha Rio Maravilha sem Água.
Tânia Rêgo/Agência Brasil
Voluntários da Greenpeace e da rede Meu Rio lançaram neste domingo, dia 24/01, na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, a campanha Rio Maravilha Sem Água.
A iniciativa visa informar os cariocas sobre a situação de crise hídrica que está ocorrendo nos reservatórios do Estado.
Segundo a coordenadora da campanha de água do Greenpeace, Fabiana Alves, a ideia é pedir que as pessoas se juntem aos voluntários para exigir do governo do estado maior transparência nas informações sobre o abastecimento de água e os recursos hídricos existentes.
De acordo com o Greenpeace, o Rio de Janeiro vive uma crise hídrica similar à de São Paulo, mas quase nada é comentado sobre o assunto.
O maior reservatório, o Paraibuna, está há mais de um ano com o volume útil abaixo de 20%, além de ter chegado ao volume morto em janeiro de 2015.
Os mananciais da bacia do Rio Paraíba do Sul também estão destruídos e contam apenas com cerca de 13% da floresta original, alerta a ONG.
Fabiana disse que a campanha pretende também mostrar à população que a água não vem da torneira.
“Tem todo um ciclo da água e uma preocupação ambiental por trás disso. É preciso que as pessoas tenham consciência para que façam uso racional da água.”
“A campanha, ainda de acordo com Fabiana, é um evento de “empoderamento das pessoas” e mostra que qualquer um consegue fazer alguma coisa e pedir pelo que acredita e considera justo.
Para o coordenador da rede Meu Rio, Rafael Rezende, a crise hídrica é um problema iminente no Rio de Janeiro. “E mesmo que a gente tenha passado dez dias com chuva, isso não significa que a situação melhorou”.
Rezende disse que a gestão dos recursos hídricos é muito nebulosa e os governos não têm um plano para a eventualidade de faltar água para a população.
“A campanha visa despertar a consciência das pessoas para o fato de que o Rio de Janeiro, apesar de ter lagoas, praias, cachoeiras, tem um problema real com o abastecimento de água, que pode se agravar em 2016”.
Quem quiser se juntar à ação, pode entrar no endereço www.riomaravilhasemagua.com.br.
A moradora do Rio de Janeiro Márcia Barbedo aderiu à campanha. Segundo ela, as pessoas não têm consciência da real situação que ocorre não só no Rio de Janeiro, mas no mundo, em relação ao clima.
“As pessoas vivem desmatando e não têm consciência do que isso vai acarretar no futuro para os nossos filhos, os nossos netos”.
Moradora do Méier, zona norte da cidade, Cláudia Gama achou a campanha “muito legal”.
Ela disse que as pessoas têm que ter uma conscientização melhor, inclusive sobre o uso da água, “para a gente não ter tanto desperdício, como se vê pelas ruas, para a gente poder se preservar e preservar o meio ambiente, para ter alguma coisa no futuro, principalmente para as gerações futuras”.
Outro que se engajou na campanha foi o sociólogo e vereador Renato Cinco – PSol. Para ele, a campanha vem de encontro às preocupações da Comissão Especial sobre o Colapso Hídrico, criada na Câmara dos Vereadores do Rio no ano passado, e que organizou seminário internacional sobre o tema.
Ele disse que ao olhar o nível dos reservatórios que abastecem o estado, percebeu que havia um risco de desabastecimento, que poderia se revelar tão crítico como ocorreu em São Paulo.
Para Renato Cinco, o tema é complexo e precisa ser pensado em uma escala mundial, ligada ao aquecimento global, que interfere no regime de chuvas, e também nos aspectos nacional e local, onde o desperdício de água tratada chega a 30%, de acordo com dados da Companhia Estadual de Águas e Esgotos – CEDAE, contra 10% em Nova Iorque.
“A gente fica muito preocupado porque a população, até agora, está prestando pouca atenção à questão. E a maior parte da atuação governamental se restringe a tentar convencer a população a fazer pequenas economias”.
O sociólogo acredita que a população precisa acordar para além de fazer o seu papel individual. “Precisa despertar para pensar o modelo de civilização que a gente criou e o quanto ele está chegando ao limite em várias frentes”. A questão da água é uma dessas frentes, apontou.
Por Alana Gandra, da Agência Brasil,
in EcoDebate, 25/01/2016